Número de alunos na graduação presencial cai 15%

Por Beth Koike

O número de alunos matriculados em cursos presenciais de graduação na rede privada deve ficar em 3,9 milhõesneste ano, o que representa uma redução de cerca de 15% quando comparado ao fim de 2014 ­ período marcado pela redução do programa de financiamento estudantil do governo federal (Fies) e deterioração da economia no país ­ segundo estudo elaborado pela Hoper Educação. O recuo anual de mais de 7%, tanto em 2015 quanto em 2016, de acordo com as projeções da Hoper, representa a maior queda verificada no setor desde 1996, quando a legislação passou a permitir instituições de ensino superior com fins lucrativos.

“Nossa estimativa é que 700 mil calouros deixem de ingressar no ensino superior em 2015 e 2016”, disse Romário Davel, consultor da Hoper. Em 2009, o setor chegou a registrar uma baixa de 2,4%, mas já no ano seguinte o volume de matrículas voltou a crescer com a flexibilização do Fies que, na época, deixou de exigir fiador e reduziu a taxa de juros para 3,4% ao ano. O total de estudantes nas universidades privadas deve mostrar um leve crescimento no ano que vem, de 1,2%.

Em 2018, o aumento será de 2,5%, projeta a Hoper, que elaborou o estudo a pedido da rede Ilumno, que está ampliando os negócios no mercado brasileiro (ver abaixo).

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O levantamento também apurou que o valor mediano das mensalidades dos cursos de graduação presencial neste ano está em R$ 745, uma queda de 3,8% quando comparado a 2015. O percentual representa uma reversão da tendência dos últimos cinco anos, período em que as mensalidades acumularam alta de 22% principalmente devido à maior procura, pelos alunos que obtiveram o Fies, por cursos como engenharia e da área da saúde, que custam mais. Além disso, as instituições repassavam, pelo menos, toda a inflação nos reajustes das mensalidades.

Hoje, cerca de 2 milhões de alunos estudam com o crédito universitário do governo, cujo orçamento é de R$ 18,8 bilhões. Em contrapartida ao recuo no ensino superior presencial, o número de alunos nos cursos a distância aumentou 32,5% no acumulado de 2015 e 2016. Essa modalidade de aprendizado tem cerca de 1,6 milhão de matriculados. A previsão para os próximos dois anos é de uma expansão de mais 22% na quantidade de estudantes.

“Uma pequena parcela dos alunos que não conseguiram o Fies migra para o ensino a distância, que é mais barato. Mas houve também um aumento de instituições de ensino credenciadas a ofertar o EAD [ensino a distância] e foram abertos novos polos”, diz o consultor da Hoper. Em 2015, mais de 500 polos de ensino a distância foram credenciados pelo MEC.

A concorrência no segmento deve aumentar nos próximos anos, com a entrada de instituições de renome e um aumento de áreas atendidas pelos cursos a distância, como engenharia. A expectativa é que surjam mais cursos semipresenciais que demandam aulas em laboratórios. Segundo o consultor da Hoper, uma das estratégias vislumbradas pelos grupos de ensino de primeira linha é oferecer a graduação a distância para o público que paga, por exemplo, R$ 700 num curso presencial de uma instituição menos reconhecida e que poderia migrar para um curso online de uma escola com marca reconhecida. O valor mediano das mensalidades dos cursos a distância é de R$ 290.

Fonte: Valor Econômico

 

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