II Simpósio discute como desenvolver o país e promover a igualdade

Com o tema Engenharia, Tecnologia e aproveitamento dos recursos naturais do Brasil, começou na manhã desta quinta-feira (27), no auditório Leopoldo Amaral, da Escola Politécnica da UFBA, o II Simpósio SOS Brasil Soberano. O evento, é uma iniciativa do Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro (Senge-RJ) e da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge) e, a edição de Salvador foi coordenada pelo Sindicato dos Engenheiros da Bahia (Senge-BA) e pelo Sindicato dos professores da Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (Apub).

A cerimônia de abertura contou com a presença do presidente do Senge-BA, Engenheiro Civil Ubiratan Félix, a presidenta da Apub Sindicato Luciene Fernandes, Eleonora Mascia, da Federação Nacional de Arquitetos e Urbanistas/FNA, o presidente do Instituto Politécnico da Bahia Caiuby Alves, o presidente da Fisenge Clóvis Nascimento, o presidente do Crea-BA, Marco Amigo, a deputada estadual Maria del Carmen, Tatiana Dumêt, Diretora da Escola Politécnica e Manoel Barretto – Ex-presidente da CPRM, ex-diretor do Senge/BA e Fisenge, Coordenador do SOS Brasil Soberano.

A primeira Mesa, intitulada “O papel das Empresas Estatais e Privadas no país Soberano” tratou de temas relacionados ao desenvolvimento econômico e industrial brasileiro e como este estaria atrelado à diminuição das desigualdades sociais. O professor e historiador Valter Pomar expôs em sua fala que o Brasil é um país no qual o capitalismo se caracterizou pela superexploração da força de trabalho e pela subordinação dos capitais de médio e pequeno porte aos oligopólios. Para ele, é o foco na busca por igualdade, no sentido de justiça social, que nos permitirá atingir a soberania e a democracia. “Um país que não tem coesão social não consegue construir soberania”, afirmou. Disse ainda que é papel do estado realinhar as empresas públicas para que se tenha uma hegemonia do estado na economia, a exemplo da China, e não uma economia estatizada, exemplo da ex-URSS. Para isso é fundamental fortalecer as pequenas e médias empresas e enfrentar o difundido preconceito de que empresas públicas são necessariamente ineficientes, tecnocratas e palcos para a corrupção. Sobre este ponto, defendeu que a corrupção deve ser combatida duramente, porém fez críticas à condução da Operação Lava-Jato, classificando-a de antinacional. Por fim, declarou a necessidade de elevar os padrões de educação política para que “os temas da soberania nacional sejam temas de massa”.

O geólogo e um dos responsáveis pela descoberta do pré-sal, Guilherme Estrella, explorou o lugar no Brasil na geopolítica mundial destacando que a situação atual de desmonte de setores estratégicos para o desenvolvimento econômico tem origem também em interesses internacionais. Ele faz um breve histórico do papel tradicionalmente secundário ocupado pelo país durante as grandes revoluções industriais – “o Brasil não participou da primeira revolução industrial porque não tinha carvão”; “metade do século XX foi o ‘café-com-leite’”, exemplificou – e enfatizou que o pré-sal é uma oportunidade para mudar essa lógica. Mas alertou: “o pior que pode acontecer a um país é deixar que suas oportunidades se transformem em ameaça”. Para ele, “estamos convivendo com a desagregação do Estado brasileiro” e reafirmou que sem luta, não haverá um Brasil soberano para as gerações futuras.

Iniciando com uma chamada aos sindicatos sobre a necessidade de ir além das pautas corporativas, Luís Fernandes (professor do Instituto Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores), apontou que, especialmente na área da engenharia, o destino da categoria depende do projeto nacional. Sua exposição tratou da importância do reconhecimento das empresas privadas como integrantes do poder nacional. Ele criticou a criminalização de empresas que representam os interesses do Brasil no exterior e alertou que para socializar riquezas é necessário primeiro produzi-las. Criticou também o governo atual por impor um projeto “antinacional” e destacou que “o desmascaramento da instrumentalização hipócrita da bandeira do combate à corrupção é uma de nossas pautas de luta em defesa do Brasil”.

Abordando a necessidade de desenvolvimento e crescimento tecnológico e industrial, o contra-almirante e Engenheiro Naval Alan Paes Leme, apontou que a indústria brasileira não tem sido capaz de suprir a sociedade como um todo. Usando especialmente exemplos oriundos da sua experiência na indústria naval, Paes Leme alertou para a situação de importador de tecnologia do Brasil; para ele, o país precisa investir em inovação e em novos sistemas de organização da produção para ser capaz de ascender.

A mesa foi encerrada com a participação do jornalista Fernando Brito do blog “Tijolaço” que iniciou apontando o mito de que as empresas estatais tendem a ser mais corruptas que as privadas. Ele afirmou que, no cenário atual, é possível a convivência do estatal e do privado, até porque a política do estado é essencial para o setor privado. Criticou a classe industrial brasileira por apostar na financeirização em detrimento da produtividade, mas também disse acreditar que o Brasil tem potencial para sair de sua condição de inferioridade frente as grandes economias.

 

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